Quando eu e ele, o Daniel Pádua, passamos nossos primeiros dias juntos, ele postou contando/cantando:
NODOS. A arte de conjurar universos.
Foram mais de dois mil quilômetros. Horas a fio, enclausurado no perímetro da poltrona até bastante confortável do ônibus. Chegando lá, perdido na multidão, só um ponto de encontro o guiava. Aquele entre a rua e a água. E no meio de barraquinhas e expectativas, muitas expectativas misturadas, ela inesperava num vestido de vovó, preto com bolinhas coloridas na lapela. Com seu cabelinho punk rebaixado, educada como lhe ensinaram… fazendo questão de disfarçar o brilho nos olhos com um jeitinho do contra que enganava a todos, menos aos que sentiam amor por ela. Por isso, o primeiro abraço foi mais que um abraço, foi uma declaração. “Eu sei quem você é, garota! Ri um pouquinho, vai?” As pernas cansadas vibravam bem dispostas, a cada quilômetro que gastavam juntos. Não fazia sentido pra ninguém, mas como poucas vezes sentiram, o calor do outro bastou. Por poucos dias, foram dois. Eternos, pré-destinados, indispensáveis. Envolvidos sem véus. Sem medo. Todo um novo mundo a se aventurar.
Mas o que ficou foi apenas o reflexo nas lágrimas que compartilharam em despedida, num roçar da pele macia e adorável, de um rosto inesquecível. O rosto da companhia.
O avião deixou ali uma vida inteira.
Eu também já postei por aqui várias marcas que ele deixou. Entramos um na vida do outro, pulando a janela, no ano de 2005 e nos amamos pra sempre. Fomos felizes, sonhamos uma filha, sonhamos largar tudo e fugir juntos, sonhamos andar de mão...
Ele foi assim, um doce, uma brisa livre que me fez aprender a voar livre. O Dani-dani foi um sonho moreno a me chamar de anjinho punk. Agora ele se foi, o Dani se foi. Dói. Dói muito. Os dias serão ainda mais secos no cerrado sem ele. E meus dias também.
Se foi? Partidas são tão dolorosas, pq tem que ser assim, né? E nem tem essa de "passa gelol que passa"...
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