segunda-feira, 19 de março de 2007

tarô.

- tarô. tu acredita em tarô?
ela pensa "en las brujas yo no creo, pero que las hay, las hay",
mas responde:
- não, claro que não.
- o tarô disse que ele dissimula, que ele está tentando te manipular.
"jogos, sempre os mesmo jogos", ela lembra daqueles passos repetidos até a porta, do adeus mentido, do "eu não te amo mais" dito de qualquer jeito. da espera na esquina por um resgate. ela lembra do resgate que não veio.
"será que veio logo que eu virei a rua?"
quem sabe? ela não quer mais saber, tem um novo encanto.
- tu deve tomar cuidado com ele, viu. ele não vai se abrir, não consegue.
"mas abrir minhas pernas ele consegue, e bem rápido", e solta um riso pequeno.
- do que tu tá rindo?
- nada, nada não. e eu não acredito nisso, já disse.
- aqui está mostrando que uma ruptura se aproxima.
"tenho que parar de roer as unhas, quero deixar marcas", se dá conta do que ouviu:
- o que?
- ruptura, uma ruptura.
- por que?
- ah, não sei, isso as cartas não dizem.
"por que ruptura, que porra é essa de ruptura? e a nossa viagem para o sul?"
- que mais que diz aí nessas tuas malditas cartas?
- ah, tu não acredita, né!
- diz logo!
- não sei direito. acho que tu vai passar por um período de amadurecimento,
vai ser importante.
"quem se importa com amadurecimento. quero é o pau dele endurecendo enquanto encosta da minha bunda. quero a nossa vida juntos. quero as cores escolhidas pras paredes da nossa casa".
- tu tá bem?
- tô. e não quero mais saber desse negócio aí. que besteira.
passa discretamente o dedo para conter a lágrima que já desce, enquanto pensa, sem querer pensar:
"las hay..."

2 comentários:

  1. nao podemos procurar respostas que nao queremos ouvir em coisas que nao acreditamos. por 1 segundo fiquei "animado" com algumas passagens do texto.

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