quinta-feira, 18 de novembro de 2010

gente das águas.

Cecília já tinha certeza de que viveria como aquela gérbera, mergulhada sozinha na morada de vidro. Foi aí que a campainha tocou:
- Oi, eu sou Davi, mudei pro apartamento da frente. Eu fiz muita salada de fruta, quer um pouco?
Ela quis e achou que Davi tinha um quê de pescador. Só que no dia seguinte, ele apareceu convidando-a para jogar videogame e Cecília pensou “isso não combina com pescaria”. Ela disse que não podia, tinha muita coisa do mestrado para ler. Davi perguntou o que ela estudava:
- Eu estudo COM uma comunidade de pescadores.
- Que bonito. Um dia, se os pescadores deixarem, eu posso ir junto contigo fazer umas fotos? É que as coisas da água me encantam.
Foi então que Cecília percebeu que não era um ar de pescador que ele possuía e sim um ar familiar. Talvez ainda não familiar, mas que logo seria, só pelo jeito-cheiro de gente das águas que Davi tinha.

6 comentários:

  1. Estes dias ouvi algo sobre a distância entre criatura-criador. Cecília é tão real em meus pensamentos, que criatura e criador se confundem. Só não sei se o criador engoliu a criatura, ou a criatura engoliu o criador. De qualquer forma é belo. E daqui não saio mais.

    beijos.

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  2. O problema é que essa história não me solta. E à da sua, tem um ar familiar.


    Te abraço com carinho

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  3. Eu vi, eu vi isso uma vez! Foi sim, aconteceu diferente só de o cheiro ser de terra, preta, úmida, boa de pisar, de fincar morada.

    Abraco,
    Elis

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  4. Comentei aqui. Me lembro. Me sinto deletado.

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  5. Bonitos teus escritos (vim do twitter).

    desplaziamento é um poema muito bonito.

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