segunda-feira, 7 de junho de 2010

caixa de costura.

Eu bordava o tecido quadriculado distraída.
Não ouvia o que vinha de lá.
Não ouvia o caminhar da agulha,
mas ouvi meu dedo chorar ao ser bicado por ela.
Não que ele sentisse muita dor,
é que bicadas são sempre ofensivas,
vão desfazendo as boas relações.
Uma mancha de sangue no tecido,
um enfeite de flor vermelha completando o bordado.
Um dedo chorão.
Eu construía coisas sempre mal encaixadas.
Alinhavava torto.
Enrolava-me com as linhas.
Amassava os tecidos.
Meus pequenos monstros eram recheados de espuma e vazios,
vazios meio encaroçados.
Eu costurava como quem passeia sozinho no parque.

8 comentários:

  1. Olha, eu prefiro os monstros vazios...e pequenos....rsrsrsrs


    tb gosto daqui!
    ;O)

    ResponderExcluir
  2. Não precisa ter medo não criança sonho, no fim das contas tudo é aprendizado.


    E como diria a hermana Cris.
    "Tou bem gente, ando costurando trapos.
    Sou especialista na arte dos remendos.
    rs


    Lindo texto,

    Um beijo com sonho.

    ResponderExcluir
  3. Somos tecelões de sonhos.
    Costuramos o preto, o amarelo, o branco.
    O vermelho aparece, o azul, as cores.
    Sabores, nem todos podemos provar.

    Um beijo!

    ResponderExcluir
  4. "Costuro esperança num mundo onde há homens cortadores de sonhos..."

    Muito bacana teu blog, parabéns pelas belas palavras...

    abraço

    ResponderExcluir
  5. Mil vezes alinhar torto e construir coisas mal encaixadas à uma caixa de costura banal.
    Acho que a vida é um eterno alinhamento torto de dias mal encaixados e é justamente nisso que reside sua graça. -)

    ResponderExcluir
  6. não sei dos alinhavados e dos monstros.
    mas os versos nos poemas são bem encaixados.

    ResponderExcluir
  7. E no segredos das horas tecia uma trama... de amor! bjs moça.

    ResponderExcluir