Eu quebrei uma costela, foi um pequeno acidente doméstico de uma pessoa não tão bem domesticada: eu. Quando se quebra uma costela, não há praticamente nada a fazer, só esperar. Eu não sou dada a esperas, e me custa saber que tenho algo quebrado dentro de mim (mais um algo seria o correto). Andei uns dias enfaixada, mas não gostei, me senti apertada, joguei as ataduras no lixo.
Daniel: - Tu é de vidro.
Eu: - Sim, sou de vidro, que no fundo é areia...
O vidro é frágil, eu sei, mas também pode ser bastante bonito, colorido, e se bem cuidado, dura até perto do para sempre. Mas o que mais me encanta são as cores, o reflexo delas surgido com o tocar dos raios-de-sol.
E por fim, eu até que gosto de cacos, desde que brilhem.
Me voltou a um tempo em que eu me cortava com os cacos das minhas lembranças.
ResponderExcluirDolorido isso.
Não há como não gostar dos cacos, são eles matéria-prima de nossas vidas. Que perto do 'pra sempre', vira pó.
ResponderExcluirFazia tempo que não aparecia por aqui, lindo.
beijos.
Poesia é isso aí...
ResponderExcluirEncontrar beleza até na dor/incômodo!
Você é um lindo e brilhando vidro, ainda que quebradinho.
B. Um belo texto. Um bom pensar. Um bom pesar. Até mais B.
ResponderExcluirCacos podem mesmo brilhar. Se a gente larga os cacos (os de costela, por exemplo) largados lá dentro da gente, viram uma dor crônica. A gente pode tentar se acostumar com a dor, mas nunca nos livraremos dela. Mas se fizermos os cacos brilharem, a dor é realmente superada por coisas boas.
ResponderExcluirVeja a ostra por exemplo. Com o incômodo de um grão de areia na costela o que ela faz? Veja bem, areia, com o que se faz vidro, você bem disse. Ela faz uma pérola. Ela coloca o vidro pra brilhar.
Aí não tem mais dor, não tem mais incômodo. O que era dor vira uma lembrança. Que pode ter uma nostalgia, uma melancolia, mas também tem alegria, orgulho, satisfação.
Boa sorte com a sua botação de cacos pra brilhar!
éh, bê... cacos desde que brilhem! Lembra de qdo nossa cozinha se tornou um mar de cacos verdes e vinho no chão, num ataque ritualísco?
ResponderExcluirSendo de vidro
ResponderExcluirDuvido
Se essa parte quebrada
Logo logo não está recuperada
E far-se-á tanto mais sagrada
Depois de marcas ter tido
Que quem pela vida passeia
Sendo ou não de areia
Pra aproveitar
Tem que se quebrar
Pra ver o lado divertido...
só não pode faltar o sol
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