quarta-feira, 17 de março de 2010

a morte de rosa.

Rosa morria. Hernandez não se importava, ele tinha pressa para as coisas dele. Talvez não fosse crueldade, todos têm pressa, e ela já não era mais alguém que valesse a pena manter viva. Não, Hernandez achava não ter mais nada a tentar com Rosa. Ele tinha um novo amor, mais leve, mais moderno, talvez menos profundo, mas ele estava gostando disso, das coisas simples. Andar na superfície realmente exige menos esforço. E Rosa morria. Hernandez a apagava a cada negativa em tentar amá-la. Achava que ela não merecia o seu suor, ele não iria desperdiçar a sua juventude com uma pessoa que lhe exigia tanto. Ele era como era, não queria mudar, não queria enraizar-se em Rosa, tinha preguiça de regá-la. Hernandez tinha as coisas dele pra fazer, coisas alegres. Tudo bem, Rosa tinha sido muito as raízes dele nos momentos mais doídos, mas enfim, fora uma escolha dela. Agora ele estava bem, e era isso que precisava viver, o estar bem. Rosa falava muito, chorava muito, amava muito: Rosa cansava. E mesmo que ela fosse linda, mesmo que fosse doce, mesmo que fosse o melhor sexo, e até mesmo poesia... Mesmo assim, não era o que Hernandez queria. Ele decidiu ser Rosa a melhor lembrança, e só. Ninguém o condenaria por isso, afinal, rosas têm espinhos, ele não era obrigado a se arriscar tanto. E Rosa morreu enquanto Hernandez ia ao banco.

7 comentários:

  1. Às vezes temos pressa demais.
    As coisas passam e não notamos.
    As folhas do calendário continuam caindo.
    Logo a vida cede ao ocaso.
    Uma pena.

    Belo texto!
    Um beijo!

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  2. A rosa que enfeita o cabelo da moça, que decora o buque da noiva e capricha o jardim da senhora. A rosa morreu.

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  3. rosa morreu, mas a culpa nao foi de hernandez.
    Foi?

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  4. Lindo!!!!
    Eu entendo bem a Rosa. Ah, como entendo.

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  5. Rosas devem ser, talvez, flores profundas!

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