quarta-feira, 17 de março de 2010

da ausência.

como se adaptar a uma ausência?
a uma falta do tudo que completava um quase tudo?
dormir mais, beber mais, ler mais, trabalhar mais, transar mais, fumar mais, viajar mais...
fazer sempre mais de todas as coisas para sentir menos?
talvez...
talvez tornar-se também ausência,
ser a falta de um cheiro, de um toque, de uma voz doce, de um abraço quando se soluça...
estou aprendendo, manipulando a memória, desconstruindo paisagens, deletando sons,
o silêncio, velha estratégia da memória.
buscar sempre algo de novo, preencher com a própria busca e com os encontros.
deixe em paz meu coração
que ele é um pote até aqui de mágoa
e qualquer desatenção, faça não
pode ser a gota d'água...

preencher com a mágoa?
é justo?
a ausência não é justa.
e acho que ela, quando transborda, cobrindo tudo com seu vazio, asfixiando,
dói mais do que a mágoa.
talvez seja escolher o que se suporta melhor,
enquanto o encontrar-o-novo ainda é busca.
afinal, é sempre uma troca.

2 comentários:

  1. E assim se faz a vida, essa rotação de sentimentos e acalentos. Até o pra sempre é efêmero. Um grande texto-desabafo.
    Eu, beberia mais, fumaria mais, leria mais e transaria mais... assim ao menos o tempo passa mais depresso e logo até a falta de lembranças cai no esquecimento.

    beijo.

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  2. Ai, que bonito, Bê! Bonito que nem vc! Mas triste como não lhe cai bem ser. Tristeza não deveria cair bem a ninguém, na verdade. Mas confesso que, às vezes, só às vezes, acho que ela cái bem que nem vestido florido à aquarianas como nós. Te sinto longe e perto.

    Vc esqueceu de uma coisa: "comer mais" ... É o que mais faço! rs Vem beber umas comigo no cochicho? rs

    beijos

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