terça-feira, 27 de janeiro de 2009

a casa da onça.

Cecília não sabe se é a enorme pedra que sustenta a árvore
ou se são as raízes da árvore que seguram a pedra.
Ontem Cecília teria medo daquele murmúrio de vento;
hoje, é o antídoto.
Cecília ajoelha-se no caminho de pedras, pega as folhas úmidas e passei-as pelo corpo;
é a cura.
Ainda está sozinha, mas voltou a respirar.
Os joelhos doem na dureza do caminho de pedras e Cecília sente-os vivos.
Os joelhos e as pedras vivem no corpo de Cecília.
- Gosto das gotas que caem sem contar se moravam nas árvores ou no céu.
Aprendeu a conversar com os musgos.
Cecília passa as folhas pelos mamilos. Cecília ri. Os musgos riem.
Ela abençoa as pedras com suas lambidas.
Cecília adormece com as cantigas dos pequenos macacos.

4 comentários:

  1. Valeu! E viva o "Sur Real".
    Não dá pra parar!

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  2. além belas imagens,
    a parte do "gosto das gotas..."
    tem uma sonoridade linda.

    beijos

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  3. como se manoel de barros morasse num pequeno apartamento de frente pra uma praça. cada um tem o pantanal que lhe cabe, com a graça que pode lhe dar.

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