quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nem que eu quisesse ser mais doce.
Nem que eu pudesse ser mais, sempre mais.
Quem mais nos importa é sempre quem se importa menos.
Exportar então? Piadinha sem graça em dia de chuva.
- O que tu quer de janta hoje, meu doce? Eu? Tem certeza?
Sei não sobre coisas ditas antes de dormir ou depois do sexo,
ou depois do sexo E antes de dormir.
Sei não sobre coisas ditas.
Fico aqui com jeito de quem não vai muito longe.
Quando eu era jovem, gostava de sair,
hoje gosto de dormir.
Mas eu sairia num passeio com Jacques Tati;
andar pelas ruas como quem aprende a costurar.
Logo o dia termina,
então não tenho sono,
então tenho medo.
Há um monstro escondido na segunda gaveta do meu guarda-roupa;
um monstro que não morre nem com tantas naftalinas.
As fotografias que bato saem borradas, como minhas fronteiras.
E acabaram as bandeiras para marcar as conquistas.
Soluciono algo construindo morada pra lá do poente?

3 comentários:

  1. Já o meu monstro desistiu de fazer sombra na minha escrivaninha. Eu comecei a rir, mas tive que parar porque o sorriso trincou e se esfarelou da boca.

    A Pipa não é mais criança. É mulher de idade.

    Crescer doeu tanto.

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  2. Quando acabarem as bandeiras, peguemos o machado e derrubemos mais árvores para fazer mais.
    É muito efêmera a vida para esperarmos.
    Um beijo!

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  3. "andar pelas ruas como quem aprende a costurar." Isso é lindo.
    Aliás, o texto todo algema e faz mastigar, mastigar, mastigar. Ainda não consegui engolir, mas continuo ruminando.
    Ah, e acho que solução, solução mesmo é a morada ser levantada bem dentro. Mas bem dentro mesmo. ;)

    Adorei tudo aqui.

    Beijoca

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