quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

a casa de uivo.

Comecei a construir uma nova casa. É fresca, de estuque, eu mesma amassei o barro, umedecido com meu cuspe. Esta casa, será recheada de vento, as frestas formarão apitos nos dias de vento norte; uma casa de uivo. Ouvirei as histórias adentrarem pelos pequenos buracos e formarem redemoinhos, passando de um cômodo a outro. Plantarei um jardim na sala da frente, onde se deixarão os sapatos e os instrumentos de sopro. Pessoas de bom coração serão bem vindas, mas deverão atentar para as histórias do barro: o barro fala por si. Nas noites paradas, os instrumentos de sopro fornecerão música-brisa ao baile das flores e os sapatos esperarão do lado de fora, vigiando, entre cochilos, as mudanças do céu.

6 comentários:

  1. Uma casa que poderia ter gravada, no tapete da entrada, entre sem os pés e sem as roupas.
    Um belo texto e um charme de casa.

    Beijo.

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  2. Eu queria poder construir uma casa sempre depois de uma intempérie.
    Mas existem momentos que elas simplesmente não param.
    Um beijo!

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  3. Você é uma parceira e estou precisando vir mais por aqui...
    Para sentir também as belezas da tua escrita.
    E que nossos coelhos e cavalos encontrem alguma relva...

    Bjs

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  4. Que lindo. Esse texto foi realmente um sopro de vento numa tarde abafada.

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  5. Gostei muito deste. Não sei bem porque mas entrou fundo no meu corpo.Grande abraço. Vitor Hugo Simon

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