segunda-feira, 28 de abril de 2008

Andamos durante a noite, falando dos menores estados de ânimo dos quais nos lembrávamos. Ele não olhava como se soubesse alguma coisa de mim; não, parecia que me via apenas agora. E o que fora aquele eterno despertador vermelho? Antiquado, como, aliás, também nós o fomos. O pijama azul: ele esquecera a camisa do pijama azul como quem esquece um pedaço do céu de outono na grama do parque. Lavei, passei, fiz a vida em uma casa que não era minha. Falhei em tantos planos que ele ainda sabe cobrar. Ainda falho em abrir vidros de palmito e algumas conservas. Arrumar as malas, calçar um sapato que não cause bolhas como aquelas do caminhar de ontem à noite, e voar. Ele pede que eu leve algumas coisas na mala. Levo a camisa do pijama e muitos outros itens não encomendados. Levo o que é preciso levar, nada me parece pesar nessa mala.

3 comentários:

  1. Que nada nos pese naquelas bagagens que levamos quando partimos em busca de nós mesmos.
    beijo, Bê! E bons reencontros naquele teu céu de outono. Traga um sorisso na volta.

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  2. Lindo, Bethânia! Lindo demais da conta! é tão interessante como vc reconstrói sensações.
    beijo grande

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  3. pois então... eis aqui a tua mala! bom... passei aqui, vindo do overmundo.
    virei mais vezes.
    abs

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