segunda-feira, 21 de abril de 2008


cheiro.
ela lembra o cheiro sentido por entre a barba-consolo que ele usa.
marcas de mordida – mais roxas que as ostentadas por Natalie Portman naquele curta.
ele olha o calendário.
- Ah, baby.
o “ah” pronunciado lento e o “baby” rapidinho.
ela acha graça.
na entrada do beco, ele finalmente percebe quem é Felisberto Hernandéz.
- Eu também quero um jardim plantado de sombrinhas.
ele diz que eles terão.
ela sussurra que não demora muito a voltar;
escuta a vontade dele de chorar ao telefone.
nunca existiu casal tão bonito por entre aqueles morros:
é a própria poesia caminhando serena pelo parque.
e ainda é apenas outono.

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