O vizinho ainda não trocou a lâmpada.
Ele usa uma toalha como cortina.
Tivemos dúvida se ele desenhava ou estudava em uma noite dessas.
Eu achei que desenhava,
Priscila pensou que o vizinho estudava.
Não me parece fazer muita diferença agora.
A opção de ficar sem camisa condiz com o país tropical.
O vizinho não olhou mais minhas coxas.
Diário da vizinhança.
O “ainda” e o “não mais” são atemporais nesse caso,
assim como meu sono.
Isso seria um caso?
Um caso de solidão aguda e de transferência para personagens de janelas?
Psicanálise de drops de laranja.
E se eu voltasse a tocar flauta?
Acho que perturbaria os vizinhos.
Firulifirulá.
Quando eu voltar à adolescência usarei meus antigos sapatos laranja do Pateta.
Os vizinhos acharão improvável –
os improváveis acontecimentos da vizinhança.
Posso criar um jornal de parede e contar as fofocas do centro,
sem nenhum interesse em seduzir.
O abrir e fechar de portas do vizinho,
sem nenhum interesse em seduzir?
Será que ele já bateu punheta olhando para minha janela?
Questão a ser feita na seção de variedades do jornal de parede.
domingo, 16 de março de 2008
quarta-feira, 12 de março de 2008
20/07/2005.
Cuido da Carolina. Bruno pede que eu faça guloseimas. Ando de moletom e pantufa. Cabelo bagunçado. Dona-de-casa inexperiente. Bonitinha. Moderninha. Meu fogão não é Lofra. Não sei o que é páprica. Troco fraldas e dou banho na minha menina. Estudo história e assisto Star Wars com o meu menino. Queimo o negrinho (não é brigadeiro!). Fofoqueio com a Dafne por telefone. Ela passa roupa. Peço que o Bruno acenda a lareira. Novela das seis. Estrelas de giz-de-cera para o nenê. Por fim, panelada de pipoca.
quinta-feira, 6 de março de 2008
As cores dos olhos do moço de preto.
Aquele encontro num repente.
Lembro as noites no coreto –
na primavera, o coreto fica coroado de flores roxas que eu não sei o nome.
Um coreto inventado em uma cidade sem coretos.
Um encontro sem nenhum repente nas margens de um mar poluído de porto.
Roubei as flores roxas de outra cidade –
da minha cidade na boca do monte.
Serei condenada?
Serei coroada?
Dois nãos seguidos,
sem contar os outros.
Uma fila de nãos para mim.
Caixas vazias de cigarro são bons presentes?
Lembro do gosto das frutas –
são diferentes as frutas por aqui.
A janela do quarto fechada.
Algumas vezes as pessoas se fecham fazendo doer nos outros.
Querer 1:
me abrir para as cores dos olhos do moço de preto.
Querer 2 (continuação do querer anterior):
pular a janela e aprender a jogar videogame.
Querer 3 (se os quereres anteriores não passarem do querer):
não querer mais nada por aqui.
Aquele encontro num repente.
Lembro as noites no coreto –
na primavera, o coreto fica coroado de flores roxas que eu não sei o nome.
Um coreto inventado em uma cidade sem coretos.
Um encontro sem nenhum repente nas margens de um mar poluído de porto.
Roubei as flores roxas de outra cidade –
da minha cidade na boca do monte.
Serei condenada?
Serei coroada?
Dois nãos seguidos,
sem contar os outros.
Uma fila de nãos para mim.
Caixas vazias de cigarro são bons presentes?
Lembro do gosto das frutas –
são diferentes as frutas por aqui.
A janela do quarto fechada.
Algumas vezes as pessoas se fecham fazendo doer nos outros.
Querer 1:
me abrir para as cores dos olhos do moço de preto.
Querer 2 (continuação do querer anterior):
pular a janela e aprender a jogar videogame.
Querer 3 (se os quereres anteriores não passarem do querer):
não querer mais nada por aqui.
sábado, 1 de março de 2008
moi, por danilo.
só o danilo, um garoto que veste camiseta do belle&sebastian quando vai discotecar noite retrô e me faz rir só por fazer, para dizer mais de mim do que eu mesma nesta noite: http://pontadevista.blogspot.com/2008/03/cena-1-com-pouco-sol-e-pouca.html
eu sabia que algo ainda iria acontecer, afinal hoje é sábado.
eu sabia que algo ainda iria acontecer, afinal hoje é sábado.
notícias da semana.
Mya ligou. Voz forte e doce. Confusões pela ilha de lá e pela ilha de cá. Lembro quando esperava a visita da Mya lá no sul. Agora espero. Numa noite dessas um cavalheiro me trouxe para casa debaixo de uma sombrinha de bolinha. Lembrou outono. Numa noite dessas um outro cavalheiro fez cafuné no meu cabelo na beira da praia. Lembrou verão. Roberto convidou para morar junto com ele em Porto Alegre, um dia além de Curtiba. Depois ainda disse: “Seria bom se dois estados não nos separassem”. Dias que demoram a passar. Andei um pouco doente. Andei um pouco apaixonada, paixões daqui e paixões de lá. Depois fiquei com medo, acabei desistindo das paixões. Sonhei com uma festa engraçada no Beco em Porto Alegre. Sonhos de Porto Alegre. Carolina teve febre e não consegui abraçá-la. Quis ter braços maiores. Trabalhei pouco e fiquei muito na cama. Na sexta, tentei festinha aqui em Vitória. Não deu certo mais uma vez. Usei um vestido com um decote lindo nas costas e voltei para casa pensando em outra casa. Combinei de passar em Florianópolis antes de ir para Santa Maria na Páscoa. Rever Mya. Lembrei-nos – eu, Velhinho, Cris e mais pessoas legais – em cima do morro na praia do Campeche. André enviou um poema de Drummond. André enviou tanta doçura naquele envio do poema. Hoje é sábado. E alguma coisa tem que acontecer porque hoje é sábado. Embora isso lembre Vinícius e não Drummond.
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