quarta-feira, 23 de junho de 2010

na estrada: trecho santa maria-porto alegre (bloco de notas do celular).

No ônibus: Chuva lá
fora e frio aqui den
tro (not warm insid
e). Estou tão cansa
da, I need another c
igarette. Um pedaç
o meu servido com t
orta de limão, bitter
sweet. Canto pra ti
, sem notar as BRs
que nos separam. S
ou uma mistura mal
mexida e requentad
a antes do gás aca
bar.E olha que só e
ntregam gás nas qu
intas-feiras. ‘Cause
of you. A janela do
corredor refletindo
sombrinhas colorid
as, ou serão guarda
sóis? Dias de chor
ar por miudezas bo
nitas. Dias de brinc
ar de dar beijos no
espelho. Esquecer
os ingressos para o
teatro de bonecos
. Construir uma oca
maloca ao redor do
teatro e chamar os
bonecos para sent
ar em volta do fogo
. Relâmpago: eu tin
ha medo quando cri
anca. Mas o tio José
me ensinou a preve
r tempestades. Ca
nto pop music e o cl
arão vai assustar l
onde daqui. Eu gost
ava de tocar flauta
doce, lembrava do
campo. Eu não nasci
no campo, e sim nu
ma rua mansa, em u
ma casa cor de ros
a. Talvez por isso e
u tema a correria d
as grandes cidades
cinza. Agora devo a
quietar, logo o ônib
us ancora.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nem que eu quisesse ser mais doce.
Nem que eu pudesse ser mais, sempre mais.
Quem mais nos importa é sempre quem se importa menos.
Exportar então? Piadinha sem graça em dia de chuva.
- O que tu quer de janta hoje, meu doce? Eu? Tem certeza?
Sei não sobre coisas ditas antes de dormir ou depois do sexo,
ou depois do sexo E antes de dormir.
Sei não sobre coisas ditas.
Fico aqui com jeito de quem não vai muito longe.
Quando eu era jovem, gostava de sair,
hoje gosto de dormir.
Mas eu sairia num passeio com Jacques Tati;
andar pelas ruas como quem aprende a costurar.
Logo o dia termina,
então não tenho sono,
então tenho medo.
Há um monstro escondido na segunda gaveta do meu guarda-roupa;
um monstro que não morre nem com tantas naftalinas.
As fotografias que bato saem borradas, como minhas fronteiras.
E acabaram as bandeiras para marcar as conquistas.
Soluciono algo construindo morada pra lá do poente?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

caixa de costura.

Eu bordava o tecido quadriculado distraída.
Não ouvia o que vinha de lá.
Não ouvia o caminhar da agulha,
mas ouvi meu dedo chorar ao ser bicado por ela.
Não que ele sentisse muita dor,
é que bicadas são sempre ofensivas,
vão desfazendo as boas relações.
Uma mancha de sangue no tecido,
um enfeite de flor vermelha completando o bordado.
Um dedo chorão.
Eu construía coisas sempre mal encaixadas.
Alinhavava torto.
Enrolava-me com as linhas.
Amassava os tecidos.
Meus pequenos monstros eram recheados de espuma e vazios,
vazios meio encaroçados.
Eu costurava como quem passeia sozinho no parque.