quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

para si.

Antes, bolinhas coloridas na lapela.
Agora, palavras em preto e branco lamentadas.
O aeroporto está fechado, sem atraso, sem turbulências.
As turbulências faziam parte das viagens – ela sabia – tanto das partidas do sul quanto das partidas do sudeste.
Lembrava do encontro em uma pensão duvidosa no cerrado – sentia saudade.
Lembrava do encontro em uma tarde mais quente que o suportável no Gasômetro – sentia saudade.
O pôr-do-sol ali já não a iluminava como antes.
Lembrava de tantas coisas, promessas: ela prometida, ele entregue.
Era sempre uma dor a mais, sempre uma marca rasgando a carne a mais.
Ela doía nela, ela doía por tudo e pela ausência dela mesma quando ele precisou.
Sangrava, junto com ele, ela sangrava.
Junto com ele, ela se ia, virava cinza a voar pelo céu de Vila Velha, ou de qualquer outra vila.
Sempre soube que um pouco sempre se ia junto.
Mas ela ia muito. Muito de si, de um si que ela nem sabia muito bem o significado.
Eles viveram tão pouco essa coisa de si, era sempre mais do que isso.
Eram sempre sonhos por tantas construções coletivas.
Agora ela só queria ter tido ele um pedacinho mais para si, só para si.
Ela parecia cansada de tanta coletividade.

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