terça-feira, 4 de novembro de 2008
Porque eu achei uma minúscula pedrinha que brilhava no chão do meu quarto. Era um motivo de impressionar aqueles que não são assim tão estabanados com as coisas do lirismo. Mas ela achou que era só varrer o chão e fim de página. Não, não, não. Eu tinha que contar de uma maneira suave o quanto doía ficar sozinho no chão de parquet, com brilho ou sem. Exercícios esparsos, mas necessários, de desenhar sapata com restinhos de giz. E sem traduções das expressões carregadas de sul. Parecia mais justo assim, apenas escutar e brincar com o som. Um brilho pequenino, que com o indicador pesquei e coloquei adornando a ponta do nariz. Meu nariz fino. Fiquei uma boniteza de invadir salões de bailes de antigamente. Era só abrir as portas e dançar feito dona baratinha vestidinha de balão. Brilhei em todas as matinês até fazer bolha nos pés e depois sentei de costas pros trilhos do trem. O maquinista me achou mais brilhosa que pó de minério dos vagões da Vale e me ofereceu carona até em casa. Ir para casa e parecer gota de chuva na janela do quarto da minha avó. Ela tricota meias de lãs para o inverno que vem – todos os anos ela tricota um par novo e me dá de presente. Costurei um patuá transparente e coloquei dentro o meu brilho e um raminho de arruda para fazer companhia. E fim da primeira lição para dias mais frescos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
que venham os dias mais frescos... assim como o hortelã recém colhido
ResponderExcluirBom dia, lindinha,
ResponderExcluirte achei no Overmundo.
Adorei teu blog, mas antes já tinha gostado muito do "frescurinha".
Lá no Overmundo a gente acaba gostando de tudo, porque é uma rede simpática e calorosa de pessoas que escrevem.
Vim aqui pra reiterar, pra dizer que gostei mesmo do estilo, te sinto próxima da minha escrita (talvez eu esteja mais noturna, não sei).
Volto por aqui...
beijinhos