domingo, 22 de junho de 2008

Ele não viu o choro por trás dos óculos nouvelle vague.
Um dia ela parou, equilibrista de meio-fio, e ficou olhando as formigas carregarem as folhas de outono.
Ele não viu.
O piano-bar vazio daquele hotel sem charme nem cardápio francês.
E ele engana com rapidez seus pedidos por amor irrecuperável.
Ela fuma e sente o ar faltar na crise de asma que a falta dele traz.
E ele não vê.
Ele toca no violão músicas que não são pra ela, pois ela não tem a cadência que as composições bonitas exigem.
Os caminhos, um avião antigo, o vôo descabido e sem poesia o qual não se pôde entender.
E a melancolia.
Uma saudade de um cheiro, de um vento Minuano.
O rosto vermelho, a boca rosada sorvendo o mate amargo que não faz sentido no calor do sudeste.
E ele não viu.

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