terça-feira, 30 de janeiro de 2007

antropológicas.

Cecília mascando chiclete de canela.
Canela é afrodisíaco?
Ei, Cecília, tu não precisa disso.
Cecília é meio taradinha.
Tem mil amores, e, então, mil dores.
Cecília acha que dói estar viva.
Vivas para quem?
Cecília quer que o frio arda seu rosto.
Será que cansamos uma da outra, Cecília?
Será?
Que bom seria chá de maracujá na Casa de Cultura.
Bom.
Um dia, Cecília apaixonou-se por um antropólogo que tomou soro na veia.
Cecília achou lindo ele deitado na maca, tomando soro.
Ai, ai, Cecília.
Encontro escuro numa manhã amarela.
Odeio sol.
Solamente.
Rodando a saia.
De que adianta morar no centro?
Fazer rimas desbotadas?
O botão primeiro do vestido se abrindo.
Meu seio direito no vento.
Solamente.
Quer uma florzinha cor-de-rosa, Cisneros?
Ela brilha no escuro; quer?
Odeio manhãs.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

cidade alta


fui na praia.
não gosto de praia sem a carolina nem o bruno.
andei nas pedras da praia.
não gosto de predras na praia sem meu pai para me dar a mão.
saudade de novo e de novo e de novo.
e nada novo por aqui.
mentira. tem a espera nova.
a espera pela cidade altaevelha.
e quem sabe um passeio de mão. ou não.
mas quem sabe sim.
e quem sabe do amor com o calor que faz?
sempre essa pergunta.
acho que sim, sou solitária.
mas não é bom dizer isso.
é bom quando tu diz que quer me deixar menos solitária.
quem sabe então eu escute menos sigur rós.
mas não conta da minha solidão.
medo de viciar em ti, sabe?
medo de bagunçar a tua vida.
e mais medo ainda de só bagunçar a minha.
mas não conta que sou medrosa também.
só me leva num passeio.

domingo, 28 de janeiro de 2007

Poeminha Territorial

Um dia, li no jornal:
Vitória morreu engasgada,
com moqueca.
Não senti pena de Vitória.
Achei engraçado: era a única morte que lhe cabia.

----------------------------------------

A minha estrada de tijolos amarelos leva a Maria.
Maria ri das minhas piadas,
mesmo as repetidas.
Maria é meio puta.
Maria parece uma puta francesa.
Maria tem um cheiro gostoso
e entende cinema.
Maria entende tudo de mim.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

coleção


Coleção
de amores (crônicos)
e paixonites (agudas).
Deitados sobre um lençol,
azul com bolinhas brancas;
bolinhas aos milhares.
Coleção dramática.
Perguntou: “A parede é oca?”.
Minha caneta, por favor.
Recebo um abraço, pequeno.
Fico chupando o dedo.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Me ama?
Quanto?
Prova, benzinho.
Quero coisas matemáticas.
Cansei de lirismo.
Meu amor agora pode ser comprado
com um cd do My Bloody Valentine.
Estou assim: toma lá, dá cá.
Bem melhor.
Me acalmaria andando de moto.
Nem precisa ser Mobillette.
Ai, vontade de Theo e Isabelle,
juntos, no cinema.
Chão xadrez da cozinha.
Dói esse frio.
Dói esse amor utilitarista.
Cof, cof, cof.
Meu casaco engancha no bloco de anotações
rosa-pink.
Lembra benzinho?
Tu quem me deu esse bloco.
Desbotou.