domingo, 4 de julho de 2010

convite para o frio.

Nas estradas da vida, ou nas entranhas? Soa comigo, soemos uma missa contemporânea (e vivos). Vem ser cada dia mais vivo comigo. Eu sozinha sou menor do que meus olhos. Meus olhos, tuas pequenas gotas de mim. Aceito envelhecer contigo no tapete da sala. Mas vem forte aqui dentro, até envelhecermos e virarmos um só tapete de retalhos, e mesmo depois. Toca-me, eu, teu piano de sempre, meu corpo soando em tuas mãos. Pareço um passarinho, tu dizes, mas sozinha despeno até congelar pelo vento sul. Tu és meu casaco de penas, eu sou teu ninho. Essa noite vai ser de geada, queres ver? Enrosco-te, cachecol colorido que és, e te mostro o inverno. O branco derretendo com o andar da manhã. E depois, nós no andar de cima, enrolando os corpos e desgelando a estação. Desgelando essa coisa ruim que é eu ficar sozinha de ti e tu sozinho de mim. Vem, vamos ler O Cru e o Cozido debaixo das cobertas. Eu tenho um corpo quentinho para hibernar em volta do teu.