terça-feira, 27 de janeiro de 2009

a casa da onça.

Cecília não sabe se é a enorme pedra que sustenta a árvore
ou se são as raízes da árvore que seguram a pedra.
Ontem Cecília teria medo daquele murmúrio de vento;
hoje, é o antídoto.
Cecília ajoelha-se no caminho de pedras, pega as folhas úmidas e passei-as pelo corpo;
é a cura.
Ainda está sozinha, mas voltou a respirar.
Os joelhos doem na dureza do caminho de pedras e Cecília sente-os vivos.
Os joelhos e as pedras vivem no corpo de Cecília.
- Gosto das gotas que caem sem contar se moravam nas árvores ou no céu.
Aprendeu a conversar com os musgos.
Cecília passa as folhas pelos mamilos. Cecília ri. Os musgos riem.
Ela abençoa as pedras com suas lambidas.
Cecília adormece com as cantigas dos pequenos macacos.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

notas.

desta vez não esqueci do rabo do elefante.
fotografo com flash azul para ver se desembrutece os dias.
a porta ainda chorava pelo roubo de sua maçaneta quando a olhei; eram apegadas.
a caixa de costura estava atrás da porta, onde não deveria estar.
passei a noite costurando o elefante e espetando os meus dedos.
choveu, e eu empurrei a raiva para um canto, longe dos meus pontos.
assim, em silêncio, coloquei um bandaid na porta, pobrezinha. seu sorriso me fez bem.
talvez as coisas se ajeitem, como quando eu tinha um cachorro de nome Nicolau.